A Influência do Anime na cultura Ocidental

A indústria da animação japonesa, apesar de ser conhecida ao redor do mundo inteiro, é um mercado de nicho no oeste. A legião de fãs é extremamente dedicada, portanto, é comum que anime seja fonte de inspiração para filmes, séries e até desenhos ocidentais. O mercado é um vasto oceano desconhecido por muitos, pronto para ser explorado e adaptado, algo que Hollywood já fez e quer fazer ainda mais.

Tivemos a adaptação de um dos animes mais famosos de todos: Ghost in The Shell. Apesar de não ser a primeira adaptação live-action do tipo, já que houveram tentativas falhas com Speed Racer e Dragon Ball, o filme estrelando Scarlett Johansson é um marco para uma relação mais honesta entre Hollywood e os animes. A própria obra original de Mamoru Oshii já está presente nos Estados Unidos bem antes desse novo filme, sendo a maior referência para Matrix. Os próprios irmãos Wachowski (hoje irmãs) apresentaram a ideia inicial de seu maior filme como um “Ghost in The Shell live action”. Esse hábito não é praticado apenas por elas, diversos filmes foram baseados em animes, sejam assumidos por seus criadores ou não. Eis alguns exemplos abaixo.

REI LEÃO – KIMBA


Um dos casos mais famosos e polêmicos, Kimba e Rei Leão com certeza tem muitas semelhanças que não podem ser meras coincidências. Desde um enredo semelhante até frames idênticos, a Disney arriscou no desconhecimento quanto a animações de outros países na época, muito pelo início da internet, para criar seu filme mais conhecido. Até mesmo Matthew Broderick, a voz de Simba, achou que iria fazer um spin-off de Kimba.

A ORIGEM – PAPRIKA



Enquanto alguns escondem suas influências, outros admitem. O diretor Christopher Nolan já confessou como Paprika, o último filme de Satoshi Kon, foi uma grande inspiração para Inception. Ambos os filmes são sobre uma realidade aumentada dentro de sonhos, proporcionado por um aparelho.


CISNE NEGRO – PERFECT BLUE



Satoshi Kon realmente foi inspiração para muitos, mesmo com apenas 4 filmes. Outro diretor que admite ser fã do japonês é Aronofsky, que até pagou para usar frames idênticos aos de Perfect Blue em Requiem para um Sonho, além de usar temas e diversos outros frames semelhantes em Cisne Negro. Ambos os filmes contam a história de uma mulher em busca da fama e como isso afeta ela e os outros ao seu redor.

É evidente quão influente anime é em Hollywood, porém foi apenas recentemente que deixaram isso claro, partindo atrás dos direitos de várias séries e filmes para suas adaptações. Death Note, por exemplo, será adaptado pela Netflix e Akira é um desejo Hollywoodiano faz alguns anos.

Mas não é apenas nas artes audiovisuais que moram as ramificações causadas pela animação japonesa, assim como toda produção artística, ela também pode servir como fonte de inspiração para outras áreas do entretenimento. O mundo da música por exemplo, pode extrair conteúdo para seus clipes e artes de álbuns. Um grande exemplo vem desde 1995, quando Michael Jackson usou clipes de “Babel II” e “Akira”, ou atualmente a clara influência presente nos clipes e nas artes de Kanye West, além da série Interstella 5555 criada pela banda Daft Punk.

A série Interstella 5555 contava uma história por meio dos clipes do álbum Discovery.

Janet e Michael Jackson aparentemente também eram fãs de anime. Cena de 'Scream'.
E por último, a influência no próprio meio. A técnica japonesa foi revolucionária para a indústria no mundo inteiro, inovando nas práticas e no estilo, as produções americanas passaram a espelhar anime. Os próprios animadores da Pixar assistem filmes do Miyazaki quando não estão inspirados, algo que transparece em filmes como “Up”, até mesmo devido a amizade entre John Lassater e o diretor japonês.

As séries de televisão também demonstram apreciação aos japoneses, isso pode ser especialmente visto em Avatar – A lenda de Aang, aproveitando-se dos temas orientais e os aplicando em seu design também, confundindo muitos espectadores quanto ao seu país de origem na época. Por outro lado, cartoons como “The Boondocks” aplicam o estilo para um contexto ocidental, enquanto “Teen Titans” apresentava semelhanças estruturais e contava com uma dupla de J-Pop na sua música de introdução.

Por mais que a indústria ainda seja um nicho no ocidente, ela impacta vários mercados diferentes de várias maneiras e mesmo que isso não seja reconhecido no passado, o futuro promete um crescimento de produções inspiradas pelo meio, assim como os créditos aos seus devidos autores. Cada vez mais, a facilidade para acessar conteúdo do mundo inteiro contribui para a entrada de produções orientais no mainstream. Assim, mais artistas serão inspirados de ambos os lados.


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